Os desafios da pandemia

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Carolina Vieira

Desde o início da pandemia ouvi diversas vezes de amigos, colegas e familiares: “Você não está preocupada em perder seu emprego?”, “As demandas do escritório não diminuíram?”, “Como estão fazendo para manter o escritório ativo?”.

Honestamente, nenhuma dessas perguntas passou pela minha cabeça, mesmo porque, incrivelmente nossa demanda cresceu muito nessa pandemia, trabalhamos mais do que nunca, cada um em sua casa, se adaptando com a nova rotina, uns com os desafios da solidão, outros preocupados com o estado de saúde de seus familiares e o medo do temido coronavírus e, alguns – como eu – com os obstáculos de equilibrar a vida profissional, os afazeres de casa e a rotina do meu filho de 5 anos.

Já outras perguntas frequentemente cruzaram a minha mente – normalmente antes de dormir, quando tudo está silêncio e o corpo finalmente consegue “descansar” – como: “Quando será que iremos voltar ao normal?”, “O que será esse ‘novo normal’ que tantos falam?”, “O que eu posso fazer para ajudar as pessoas que estão situação de vulnerabilidade?”.

Acredito que essas perguntas variaram muito entre as pessoas (e ainda variam, pois não sabemos o que, de fato, irá acontecer com nossas novas rotinas), vi bons profissionais perderem o emprego, vi pessoas com boa saúde diagnosticadas com o coronavírus (felizmente nenhuma faleceu), vi pessoas passando por dificuldades financeiras, vi os professores da escola do meu filho serem dispensados (e não estou julgando a escola, pois sei como essa decisão foi difícil)… Vi tudo isso tendo a certeza de serem problemas relativamente pequenos perto do número de mortes pelo vírus, pelo aumento da violência doméstica e de diagnósticos de depressão e um sentimento dominou minha mente: gratidão!

Senti muita gratidão, mas também senti medo, e acho que esse sentimento foi universal e ainda vai nos rondar por um bom tempo, pois não temos certeza do que irá acontecer, não sabemos se a vacina descoberta em Oxford realmente é segura e eficaz e, se for, quanto tempo levará para chegar aqui no Brasil. Não sabemos o que será do Brasil no próximo ano sob o aspecto político, financeiro e social.

Nessa montanha-russa de sentimentos, faço um retrospecto e consigo identificar muito pontos positivos em meios ao caos que o mundo está experimentando: vimos o quanto temos pessoas engajadas em nossa equipe, responsáveis e dedicadas e que se esforçaram ao máximo para entregar os melhores resultados, conseguimos atender às demandas de todos os nossos clientes nos reinventando e tentando sempre manter os melhores padrões, percebemos o quanto nossos clientes são fieis e quanto confiam em nosso trabalho, desenvolvemos conteúdo e percebemos a importância do marketing e da multidisciplinariedade das áreas (créditos ao nosso querido Fernando Pinto que tanto tem nos ajudado e direcionado) e concretizamos o sonho de mudar de sede e finalizar uma obra em tempo recorde.

Pessoalmente, tive contato com projetos solidários que provavelmente não teria tempo de descobrir naquela correria de “antigamente”, reaprendi o significado de cooperar em seu mais amplo sentido, passei a valorizar ainda mais minha família, meus amigos, meu trabalho e minha saúde mental e nunca tive tanto tempo de qualidade com meu filho e, para quem é pai/mãe, não precisaria falar de mais nenhum outro ponto positivo, pois esse nos bastaria.

A pandemia impôs desafios até então desconhecidos por nós e ainda temos muito a percorrer em 2020 e muito a entender sobre o que podemos fazer pelo próximo – seja familiar, amigo, colaborador, cliente ou desconhecido, sem deixar que velhos hábitos tóxicos tomem conta desse novo normal.